A carraça é um ectoparasita que usa uma vasta gama de hospedeiros para se alimentar através do seu sangue. Das cerca de 800 espécies que há em todo o mundo, em Portugal existe uma dezena e, dentro deste grupo, há especialmente duas espécies que parasitam os nossos cães. Vamos muito sumariamente classificá-las com base em aspectos morfológicos básicos, assim:
- Carraças "duras", em que a cutícula que as reveste é dura. Esta espécie assemelha-se a um “vulgar” insecto, tipo escaravelho.
- Carraças "moles", em que a cutícula é mole. Esta espécie fixa-se de preferência nas orelhas dos animais e incha quando fica repleto de sangue, assemelhando-se a um feijão.
O ciclo de vida da carraça divide-se em 4 fases de desenvolvimento: o ovo, a larva, a ninfa e o adulto. Um único hospedeiro pode ser parasitado por todos estes ciclos de vida da carraça.
Uma carraça adulta pode criar milhares de ovos, que se libertarão do hospedeiro caindo no solo e aqui se desenvolvendo, se encontrarem condições propícias, que são preferencialmente zonas de vegetação de baixa ou média altura e com algum grau de humidade.
As carraças atingem o corpo do cão por contacto directo. Como não voam, nem saltam, normalmente instalam-se nas ervas e nos arbustos e esperam que o seu futuro hospedeiro passe e roce essa vegetação, dispondo para o efeito de uma sensibilidade especial que lhe permite detectar a aproximação e passagem da vítima.
A carraça não deve combater-se apenas no corpo do animal, mas também no ambiente (jardins ou quintais). Em todos os seus estágios de vida (desde larva até adulto), a carraça é muito resistente. Por isso, é muito difícil combatê-la.
Eliminá-la do cão é relativamente fácil, seja catando-a com uma pinça ou através de antiparasitários específicos. Mas as formas invisíveis do seu ciclo de vida, os ovos e as larvas, permanecerão no ambiente e nele sobreviverão durante muitos meses se não forem tomadas medidas adequadas.
Em muitos casos, as carraças andam no solo e agarram-se às patas, pelo que não se deve deixar de vigiar essas zonas, inclusive entre os dedos.
No nosso ambiente doméstico, seja dentro de casa ou no jardim, todos os locais deverão ser desinfectados com insecticidas apropriados, mas tendo sempre especial atenção que esses produtos não venham a intoxicar o animal.
Doenças Transmissíveis: Só as carraças portadoras de agentes infecciosos transmitem doenças ao cão: a erlichiose e a babesiose.
As carraças portadoras desses micróbios (protozoários - seres unicelulares microscópicos), transmiti-los-ão aquando da picada destas no animal. Estes protozoários vão "colonizar" os glóbulos vermelhos e/ou as células mononucleares do hospedeiro provocando, após um período de incubação de 1-3 semanas, sinais de doença.
As carraças portadoras desses micróbios (protozoários - seres unicelulares microscópicos), transmiti-los-ão aquando da picada destas no animal. Estes protozoários vão "colonizar" os glóbulos vermelhos e/ou as células mononucleares do hospedeiro provocando, após um período de incubação de 1-3 semanas, sinais de doença.
Assim, as carraças devem ser removidas o mais rapidamente possível de forma a limitar o tempo de transmissão dos agentes causadores de doenças, pois não há forma de determinar se elas são ou não portadoras desses agentes infecciosos.
Ter também em atenção que basta uma ou duas carraças portadoras dessas formas infectantes para que o cão contraia uma dessas doenças.
A vigilância deve ser constante e qualquer sinal de apatia, febre, falta de apetite e mucosas (gengivas ou conjuntiva) pálidas em cães que costumam ter carraças, é motivo de uma visita ao veterinário que, através da análise sanguínea, poderá detectar a Babesiose ou a Erlichiose. Estas doenças são tratáveis mas quando diagnosticadas a tempo!
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